Neste ano, a XVII edição da Semana Nacional de Letras e a IV edição do Simpósio Nacional de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem contarão com a parceria do Departamento de Letras e Programa de Pós-Graduação em Letras da Pontifícia Universidade Católica, PUC Minas, os quais se propõem a discutir a inter-relação que, desde sempre, se estabeleceu entre Tempo, Espaço, Linguagem.
A língua é um corpo vivo que se modifica diacrônica e diatopicamente, e essa mudança vai se delineando, às vezes de forma tão sutil, que o falante não percebe esse avanço, apenas dela se utiliza. Esse movimento não se dá de forma linear para um fim específico, ele também pode reverter sobre os próprios passos ou mesmo oscilar entre avanços em várias direções no espaço em que ela, a língua, é falada, cantada, escrita, recitada, sinalizada, marcando sua variação. Toda e qualquer discussão quanto à surdez passa pela língua, a discussão quanto aos Estudos Surdos inscreve-se em diferentes ramificações que enfatizam os surdos como sujeitos de diferença cultural e linguística. Defende-se que a língua de sinais, enquanto um sistema de significação, é potencialmente realizada por determinadas formas discursivas construídas a partir do tempo, do espaço e da linguagem.
Para os Estudos da Tradução, além da centralidade das diferentes linguagens como códigos e meios, o tempo e o espaço se articulam como dimensões de intersecção para o efeito translacional inerente à prática da tradução: para além da lógica do estado-nação e de suas línguas nacionais, o espaço nos Estudos da Tradução é uma importante metáfora para pensar a própria atividade; já o tempo é peça fundamental para o conceito de retradução de Berman.
Já a literatura é uma expressão artística privilegiada no que diz respeito à expressão do tempo e do espaço. Ela mesma é síntese de seu lugar e de seu tempo, elemento de cultura primordial, pois diz respeito à forma como um povo se vê, se narra e se projeta utopicamente em relação que se quer ser. Assim, escrita e/ou contada para o futuro, a literatura está de olho, como a sankofa, no passado, por isso podemos dizer que o presente da leitura é essa união de tempos e identidades. Pensado sempre de forma espacial, o tempo e a memória configuram a identidade de um lugar, o qual, por sua vez, alimenta a imaginação e sedimenta relações humanas.
Apostando numa fecundação recíproca entre estudos linguísticos, literários, da tradução e o campo do ensino e aprendizagem de línguas e literatura, o evento pretende colocar em diálogo as categorias de tempo e espaço que atravessam a linguagem e discutir como nela se manifesta essa transversalidade. Para isso, convidamos destacados pesquisadores da universidade brasileira que nos proponham um diálogo interdisciplinar, colaborando para a integração entre graduação, pós-graduação, ensino e sociedade, tendo por eixo uma abordagem na qual o entendimento do fenômeno linguagem em toda a sua complexidade torna-se um ponto de observação privilegiado para entender sua manifestação no aqui, no ontem, no agora e no amanhã.
Comissão Organizadora